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sábado, 5 de maio de 2012

No limite...

Mais uma noite sem dormir, aperto no peito, cabeça a mil à hora, uma irritação exacerbada, fome emocional.

Há meses que não durmo decentemente, as poucas vezes que durmo mais de 5h consecutivas acontecem depois de uma semana a fechar os olhos apenas 1 ou 2h por dia e então cedo por exaustão. Por vezes digo às pessoas que vou dormir para que não me encham a cabeça e possa passar horas às escuras e em silencio. Não sou adepto de medicações mas até isso já experimentei, lentificam-me mas não me deitam abaixo. E eu preciso de ficar KO com urgência.

Sinto um aperto constante no peito, só me apetece gritar, rasgar as roupas, partir tudo o que me rodeia, esmurrar paredes. A impotência sobre os problemas que tenho causa-me raiva e desespero. Num momento apetece-me chorar que nem um bébé abandonado ao frio noutros apetece-me cometer loucuras. Ora me apetece fugir, ora me apetece morrer. Quem me dera ser avestruz e que realmente os problemas passassem só por não lhes darmos importância.

A cabeça não pára! Por mais que me tente distrair dou por mim apático a potenciar os sintomas anteriores com pensamentos circulares de problema em problema sem conseguir sair do padrão, sem ver soluções.

Que fazer? Quem culpar? Só a mim. Eu é que me trouxe a esta situação. Quem me manda nunca ter conseguido poupar nada. Quem me manda ter 3 acidentes de carro em 2 anos, 2 deles em 4 meses? Quem me manda gastar milhares de euros nos arranjos sem os ter? Quem me manda ficar doente antes de poder trabalhar para pagar a quem devo?

Estou no 4º mês sem trabalhar, estive 3 meses sem receber, o que recebi da baixa foi logo sugado pelo banco, só para a semana saberei se poderei voltar ou se terei de ser operado de novo. Os particulares que me ajudaram aguardam pacientemente, mas durante quanto mais tempo? o banco exige a cobertura imediata do autorizado da conta ordenado, tenho IRS para pagar, não tenho acesso a créditos. Se ao menos me calhasse no euromilhoes o suficiente para pagar ao banco e me aguentar até voltar a trabalhar, depois do trabalho pagaria a quem me tem ajudado. Mas nem para o euromilhoes há que chegue.

Não posso desabafar com ninguém pois não quero dar mais preocupações aos cá de casa. Já basta, aos 35 anos, estar de novo a viver com os pais e à sua conta, numa casa de reformados, um irmão com 80% de incapacidade, uma irmã com 65%, um pai alcoólico em recuperação, bipolar, com demência e principio de alzheimer, uma mãe de ferro mas cada vez mais enferrujada. E eu que deveria carregá-los a todos às costas tenho de passar os dias na cama, impotente. A minha única sobrinha, a única família, passa dificuldades e não posso ajuda-la, percebo o seu sofrimento talvez mais que ninguém, mas não sei como, nem tenho força para confortá-la. Há poucos dias fiquei padrinho de uma criança que ainda não visitei, seria suposto levar algo além de amor e alegria e eu só tenho tristeza e desespero no coração.

Só me dá para comer, na expectativa que o conforto da comida me dê sono e me permita descansar algum tempo. Quando acabo por adormecer, sonho. Sonho muito e quase sempre com o mesmo. O passado. O bom que já tive e deixei fugir, a pessoa. A minha assombração pessoal. No sonho desejo acordar, ao acordar desejo dormir.

Sinto-me a rebentar, sinto-me no limite. Quem me dera que as pessoas que amo se esquecessem de mim para que não sofressem com a minha ausência e aí, definitivamente, partiria. Quem me dera ser raptado por extraterrestres para que não tivesse de dar um tiro na cabeça.

Há quem diga que depressão não é fraqueza, é um reflexo de quem tentou ser forte por tempo demais. Pois perdi a força. Sinto-me fraco e quero desistir.

Sinto-me preso e quero me libertar.