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domingo, 29 de julho de 2012

A novela continua...


Depois de um atraso de mês e meio por ter sido transferido de cirurgião sou finalmente chamado para a 2ª operação.

Fui transferido de cirurgião porque o que me consultou por causa do problema original, as hemorróidas, achou, e muito bem, que deveria de ser operado por quem já tinha começado o serviço. Antes disso tratou de pedir os exames e informou-me que o tempo de recuperação desta segunda operação seria superior ao da 1ª. Assim passei do Dr. Carlos Boto para o Dr. Armando Correia, sendo o 2º o que é considerado o cirurgião mais competente da zona.

Após algumas consultas com o Dr. Armando e com a avaliação dos exames ficou decidido que seria operado às hemorróidas e que na altura se trataria das fissuras. Foi sugerido pelo Dr. Armando a utilização de uma técnica de tratamento das hemorróidas que não passaria pelo corte das mesmas (HAL), o que reduziria o tempo de recuperação e o desconforto, aumentando ao mesmo tempo a probabilidade de sucesso. Com essa técnica só 3% de casos têm reincidência. Fiquei satisfeitíssimo com as perspectivas e após algumas pesquisas pela internet fiquei mais que convencido do sucesso desta intervenção.

As semanas passaram, fui chamado para a consulta de anestesia e tudo parecia bem encaminhado, mas entretanto nunca mais fui chamado e comecei a stressar. Comecei a pensar que como se aproximava o período de férias haveria um atraso, mas nunca me passou pela cabeça o que estava para acontecer.

Durante a semana passada recebi informação de que o Dr. Armando foi de férias e fiquei convencido de que haveria ainda maior atraso mas para meu espanto, no dia 26/07 fui chamado para me apresentar para internamento na 2ª feira dia 30/06. Sabendo eu que o Dr. Armando estava de férias e que só viria no dia 6/8 estranhei e tentei descobrir quem me iria operar. As preocupações aumentaram: será que iria usar a mesma técnica que o Dr. Armando tinha sugerido ou ia limitar-se a cortar o problema como era a ideia do Dr. Carlos Boto?

Fui ao hospital nessa mesma tarde e fui falar com a Sra. que tinha telefonado. Ela não me soube dizer quem me iria operar. Com a "organização" que este Centro Hospitalar tem neste momento pode ser qualquer um. Fiquei indignado pela falta de respostas. Se me vão pôr a dormir e cortar o meu corpo tenho o direito de saber quem o vai fazer e como pensa fazê-lo. Acho que o mínimo seria esse cirurgião considerar ter 5 minutos de conversa comigo antes da operação. Mas parece que isso não faz parte do protocolo. A senhora indicou-me o nome dos outros cirurgiões da equipa do Dr. Armando e sugeriu que tentasse interceptar um deles no dia seguinte nas consultas externas. Esse seria o Dr. Mendes.

Se bem se lembram o Dr. Mendes foi quem me observou, muito dolorosamente e sem qualquer empatia pelo meu sofrimento, nas urgências há uns meses atrás 2 dias antes de o Dr. Armando me ter operado de urgência e me disse para "não ser piegas! Não pode ter assim tanta dor, só aqui está uma pequena fissura". Essa fissura estava ao lado de um abcesso do tamanho de um pêssego. Foi o mesmo Doutor que, após eu ter acordado da cirurgia, veio justificar-se de que não estava lá o abcesso quando me observou. E é o mesmo que toda a gente no hospital, colegas de trabalho inclusivé, considera mau cirurgião e perguiçoso, que se esquiva às operações, que faz apenas o mínimo e apenas o que considera menos complicado.

Na 6ª feira logo pela manhã após uma noite sem dormir arranco para o hospital para o tentar apanhar antes de começar as consultas. Consegui inteceptá-lo e ele anuiu a dispensar-me dois minutos do seu tempo. Confirmou que seria ele a operar-me mas quando lhe perguntei qual era o plano já que estava preocupado não gostei da reacção: "Qual plano? Quando lá chegar logo vejo!" Argumentei dizendo que como o Dr. Armando tinha uma opinião diferente do Dr. Carlos Boto sobre como tratar as hemorróidas gostava de saber qual a dele. Então a resposta dele levou-me para além dos limites: "Quais hemorróidas?! Eu só vou tratar das fissuras! Hemorróidas muita gente tem!" Então há 3 anos que tenho 2 a 3 crises por ano que me impedem de trabalhar, há que tempos que se anda a planear a cirurgia, tendo sido as hemorróidas a origem do abcesso e das fissuras, vão dar-me mais uma anestesia para fingir que resolvem as coisas mas vão tratar de mais um sintoma em vez do problema, outra vez?! Tentei argumentar mas a sua "simpatia" e óbvio "interesse" pelo meu assunto deixaram-me sem palavras e antes que fizesse uma asneira saí de lá.

Depois de voltas e voltas pela cidade lá consegui raciocinar um pouco e tentei falar com a minha tia, que é auxiliar no bloco, para explicar a situação e pedir conselho, mas não consegui. Decidi ir à secretaria da cirurgia, explicar a situação e tentar perceber as minhas opções. Definitivamente não estou disposto a ser sugeito a mais uma intervenção para continuar com os problemas por resolver. A sra. garantiu-me que consta na minha ficha que o problema são as hemorróidas e que as fissuras são secundárias. Telefonou para o Dr. e alertou-o para a situação. Parece que por essa altura ele já estava a par do conteúdo da minha ficha. Eu tinha-o visto a subir no elevador após falar comigo. Deve ter ficado intrigado e decidiu fazer o trabalho de casa. Apesar de um pouco mais descansado algumas das minhas preocupaçoes continuam, que técnica pretende ele usar?

Mais tarde consegui falar com a minha tia e depois de lhe explicar tudo ela deu as suas sugestões as quais pretendo seguir. Vou exigir falar com ele antes da operação, vou exigir que me explique o que pretende fazer e se não ficar satisfeito vou recusar ser operado por ele.

Estou anciosíssimo com a situação, odeio confrontos, mas é um direito meu, o corpo é meu e o cirurgião está lá para trabalhar para mim e para o meu bem estar. Se tiver de esperar pela vinda do Dr. Armando, se tiver de ir para o fim da fila, assim seja. Não vou ser operado por um incompetente que só quer mostrar serviço. Pelo que percebi da conversa dele com a administrativa ele andou a fazer uma escolha aos casos "menos dificeis" para mostrar serviço feito enquanto o chefe foi de férias. Não pretendo ser operado por quem leva a saúde dos pacientes de forma tão displicente

A próxima vez que aqui escrever ou já fui operado... ou não. Aguardem as cenas dos próximos capítulos....