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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Reviver a minha morte (outra vez)

Sempre que me tento desapegar deste mundo dou por mim a retornar ao Rui que fui quando tudo o que tinha como meu me foi tirado.

Volto ao buraco escuro onde me enfiei...

Volto às emoções intensas, ao sangue quente, ao grito interno, ao choro!

Quero tanto gritar alto para que me arranquem desta vida, que já chega, já percebi, que me deixem finalmente morrer.

Que quererá dizer quando o que mais desejamos da vida é morrer? Porque vivemos nós a ansiar pela libertação final do sofrimento.

Porque acreditamos que na morte escapamos ao sofrimento? Porque conseguiremos nós apenas nos sentirmos vivos quando sofremos?

Consigo perceber que sem o contraste que só pode ser experimentado na existência material não conseguimos valorizar, quantificar, definir até, o bem e o mal.

Consigo perceber que sem ter passado por tudo o que já passei não seria exactamente a pessoa que sou hoje.

Consigo perceber que a sensação que sinto dentro de mim, que quer brotar e jorrar como choro compulsivo de criança é, a par da sensação de amar, o mais próximo que alguma vez me senti de estar vivo...

...porque é então nestes momentos que sinto que não aguento mais, não quero mais, e que a morte definitiva parece ser a recompensa que finalmente mereço?




 Impressionante como a nossa vibração emocional se ajusta à vibração da música que ouvimos e fica para sempre gravada como que impressão imutável.

Há músicas que me levam a esse ponto num piscar de olho, na primeira nota.

Devo ser masoquista, pois são essas as músicas que me movem e são as que ouço neste preciso momento.

Creio que preciso de sentir vontade de morrer para conseguir viver plenamente.

É uma característica depressiva, o entrar em ciclo fechado sem conseguir sair, mas e o entrar propositadamente quando perdemos o foco? Que quer isso dizer?

Reviver a minha morte de há anos atrás faz-me passar em pouco tempo por todas as fases da vida. Pelo meu próprio luto.

Encho-me de emoções de apego, encho-me de perda, traição, dor, medo, negação, isolamento...

A raiva inunda-me, pelas pessoas, pelas situações, pela injustiça...por mim.

Cada vez mais rápido que as vezes anteriores começo a lidar, negociar, chegar a compromisso com o que ainda existe como razão para viver.

E nessa altura, nada mais interessa, encaro o mundo material que nem morto-vivo, desapegado das coisas e das emoções. Aliás, o que realmente interessa transcende tudo isso.

Por essa altura consigo olhar para um monte de terra com o mesmo interesse com que olharia para um monte de ouro. E aí o espírito ilumina-se...

É o sofrimento que nos agarra a este mundo, é o sofrimento que nos trouxe, é por ele que ficamos e só quando conseguirmos nos libertar dele e que nos autorizaremos a partir...

É o desfasamento entre o que queremos ou pensamos merecer e a nossa percepção da realidade que nos rodeia que nos faz sofrer. O sofrimento é tão mais agravado quanto mais inexacta for a nossa percepção de realidade e quão maior e desajustado o nosso desejo. É o sofrimento que nos faz evoluir mas é também ele que nos escraviza.

Sendo o sofrimento gerado pelo desejo, ambos nascem no mesmo sítio, na nossa mente. Só deixarei de sofrer quando deixar de desejar. Só deixarei de desejar coisas desta realidade quando perceber que este mundo material nada mais é que uma fracção perceptível por 5 sentidos de algo muito maior.

Quão diferente seria o universo aos nossos olhos se não fosse visível a energia de comprimento de onda entre 570–590 nm... o nosso Sol deixava de ter tons de amarelo, ou pura e simplesmente deixávamos de o ver.

O que me enche o coração é que mesmo assim ainda sentiria o seu calor e saberia que ele lá está e que é a força da vida neste planeta.

E assim sei, que há muito que estes olhos não vêem, há muito que não sinto fisicamente, mas acredito que há tanto para lá da minha percepção e compreensão e que é lá que está o que criou e sustenta o universo que conhecemos e todos os outros 99.999999% de existência

E é a esperança de os vir a conhecer que me move. Por isso estudo, por isso medito, por isso evoluo.

É isso que realmente me interessa, é isso que realmente me move, é nisso que realmente acredito...

Tenho de acreditar, são "evidencias" para o coração, e por outro lado, se assim não for para que valeria tudo isto? Preciso de acreditar.

Continuo a sofrer, longe de ser perfeito, mas mais focado. Obrigado.


(apenas mais um desabafo de um louco desajustado e danificado)